A pauta ESG e sua influência no mercado de capitais

Uma breve análise de como o mercado de capitais e seus players estão sendo influenciados pelas métricas ESG.
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Fernando Zuza

Advogado egresso

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A pauta ESG é um dos temas mais falados atualmente, sendo o mercado de capitais um dos setores impactados por suas métricas. Nesse sentido, esse artigo busca versar sobre a influência da pauta ESG sobre os seus investidores, de forma a apresentar um histórico do tema e os impactos que possam ocorrer na celebração de novos negócios de administradores, gestores e fundos de investimento.

ESG é a sigla, em inglês, de “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança) que, em síntese, equivale a um conjunto de critérios que buscam definir se determinada companhia atua com responsabilidade socioambiental e de acordo com as boas práticas de governança corporativa. Esse conceito surgiu em 2005, em um relatório intitulado “Who Care Wins” (“Ganha quem se importa”, em tradução livre), em iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas – ONU, com o intuito de apresentar diretrizes e recomendações sobre como incluir a pauta ESG na gestão de ativos e outros temas.

O objetivo da pauta é identificar se determinada companhia possui sustentabilidade, indo além das métricas financeiras, preocupando-se com os aspectos sociais, ambientais e de governança. Nesse sentido, a pauta ESG busca eleger os agentes do mercado que: (i) buscam o desenvolvimento sustentável, preocupando-se com a preservação do meio ambiente; (ii) possuem boas políticas de relacionamento social, tanto com seus colaboradores quanto com os consumidores; e (iii) aplicam boas práticas de governança corporativa, garantindo o bom funcionamento da companhia e, sobretudo, os direitos dos acionistas.

Como a pauta ESG influencia no mercado de capitais e na escolha dos investidores?

O constante aumento de preocupação com essas pautas traçou uma nova rota de atuação para as companhias – principalmente para as companhias de capital aberto –, bem como para os investidores, que começaram a levar em conta os critérios de sustentabilidade na hora investir.

A lógica é simples, já que as empresas que estão alinhadas com essa métrica possuem maior interesse e capacidade de se adaptarem às novas tendências e demandas do mercado. Desta forma, tais empresas possuem: (i) maior potencial de atração de investimento; (ii) redução de risco, por estarem alinhadas com as questões legais e regulatórias; (iii) potencial aumento de rentabilidade, pois exigem maior controle financeiro por parte da companhia; e (iv) incrementação do valuation, uma vez que a combinação de todos esses pontos potencializam a valoração da companhia.

Como efeito secundário, a crescente evolução da pauta ESG, a longo prazo, poderá trazer diversas alterações para o mercado de capitais, haja vista que as companhias e os fundos de investimentos estarão sujeitos a se adaptarem a essas diretrizes, buscando profissionais qualificados e práticas de gestão capazes de levá-los para esse novo grau de exigência, chamando a atenção de potenciais investidores.

Em via de conclusão, haja vista essa tendência mercadológica alinhadas ao ESG, o mercado criou os chamados Índices ESG, que se constituem em ferramentas capazes de filtrar as companhias que efetivamente estão engajadas com essas práticas de sustentabilidade. À vista disso, os índices ESG da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) foram criados para que os investidores pudessem selecionar apenas determinado grupo de companhias, dentre os quais: (i) Índice S&P/B3 Brasil ESG; (ii) Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); (iii) ICO2 (Índice Carbono Eficiente); e (iv) Índice de Ações com Governança Corporativa Trade (IGCT). Inclusive, cumpre salientar que, com os índices ESG da B3, os investidores podem investir em fundos ESG passivos, os chamados ETFs (Exchange Traded Funds), alocando capital tão somente em companhias alinhadas com boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Posto isso, verifica-se que a pauta ESG tem um grande poder de influência no mercado de capitais, podendo impactar administradores, gestores e fundos de investimento para essa tendência. Isso porque a pauta ESG será um dos requisitos para celebração de novos negócios no mercado, visto que poderá atrair maior número de investidores e rentabilidade e, consequentemente, estabelecer maior competitividade e aumento de opções para o mercado de capitais.

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