Nas últimas semanas, uma notícia movimentou o setor de infraestrutura do país: a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou que está projetando um ciclo de investimentos para obras no setor rodoviário da ordem de no mínimo R$ 45 bilhões até 2028.
As projeções de investimentos têm como base tanto as novas concessões federais quanto aquelas já contratadas. As repactuações contratuais atualmente em curso, por sua vez, não estão incluídas nesses valores, o que evidencia o real impacto dos investimentos previstos. Valores adicionais poderão ser incorporados após a conclusão das repactuações consensuais, com a devida chancela do Tribunal de Contas da União (TCU).
Paralelamente, a inquietação gerada no setor após o anúncio revela a crescente demanda por melhorias e desenvolvimento no âmbito da infraestrutura nacional, configurando uma grande oportunidade para o setor de construção e engenharia pesada.
Os investimentos destinados às obras rodoviárias, por sua natureza vultosa e de alta complexidade, embora contribuam significativamente para o crescimento e o desenvolvimento do país, ainda despertam certa cautela, tanto por parte da população quanto do próprio Estado. Assim, essa previsão de investimentos específicos no setor, que visa à ampliação das concessões rodoviárias, reflete a crescente inquietação com o desenvolvimento da infraestrutura viária nacional e com a garantia de intervenções mais assertivas — especialmente por parte da ANTT, enquanto agência reguladora.
Tais investimentos atendem à demanda do setor de infraestrutura e, ao mesmo tempo, impõem a necessidade de um acompanhamento rigoroso por parte da Agência Reguladora, mas que deve sempre ocorrer em consonância e adequação à realidade. O cenário atual exige um alinhamento entre os projetos e os parâmetros previamente estabelecidos, de modo a ampliar e aperfeiçoar a malha rodoviária sem perder de vista critérios técnicos e legais. Por isso, o anúncio da ANTT veio acompanhado da ressalva de que o monitoramento das obras será rigoroso e constante, a fim de garantir sua efetiva execução conforme o previsto.
No período compreendido entre 2025 e 2028, prevê-se um ciclo significativo de entregas de obras de grande porte nas concessões rodoviárias federais, com o início de novos projetos e a liberação de trechos de concessões implementadas nos últimos anos.
Segundo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), a malha rodoviária concedida à gestão privada alcançou 28 mil quilômetros em 2024, com previsão de adição de mais 14 mil quilômetros em 2025. Essa perspectiva promissora fundamenta-se: (a) nas previsões de realização de leilões de trechos significativos ainda em 2025, com investimentos superiores a R$ 90 bilhões; (b) no prenúncio da realização de 35 leilões até 2026; (c) na realização de novos projetos em rodovias ainda neste ano, considerando os editais atualmente em aberto; e (d) nos 16 estudos em andamento, conforme dados da SUCON (Superintendência de Concessão da Infraestrutura – ANTT).
Ainda em 2025, espera-se o investimento de R$ 9,9 bilhões em obras no setor. Para os próximos anos, a expectativa é de que o Governo Federal viabilize o aumento dos investimentos, especialmente em grandes obras viárias, com o objetivo de alcançar a meta de R$ 45 bilhões até 2028.
Além das obras em si, esses investimentos geram impactos positivos em diversos setores da sociedade: (i) na geração de empregos diretos e indiretos; (ii) na segurança viária, com a redução de acidentes e melhor atendimento à população pelas concessionárias; e (iii) no desenvolvimento econômico, promovido por melhores condições de acesso e trafegabilidade, que influenciam positivamente o comércio, a indústria, a agricultura, o turismo, entre outros setores.
A projeção de um cenário de investimentos em rodovias concedidas à iniciativa privada, conforme anunciado pela ANTT, representa uma oportunidade estratégica para o setor de obras e engenharia. Além disso, estabelece um panorama promissor, com amplas repercussões favoráveis, fortalecendo um ambiente propício à ampliação dos investimentos no setor de infraestrutura.