O impacto do fenômeno fintech no Brasil

Em menos de cinco anos, as fintechs já são consideradas alternativas às instituições bancárias consolidadas e uma necessidade no mercado corporativo.
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Letícia Ferrarini

Advogada egressa

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O mundo digital está em constante evolução e com o setor financeiro não poderia ser diferente. A inovação nos serviços e produtos financeiros trouxe consigo o crescimento do fenômeno fintech no Brasil, que contou com aplicação de US$ 1,1 bilhão em startups de finanças por meio de quarenta rodadas, apenas nos primeiros três meses de 2022.

O termo inglês “FinTech” é o resultado da abreviação das palavras financial technology, ou seja, tecnologia financeira em português. As fintechs são empresas _ na maioria das vezes startups _ “que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios. Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços digitais inovadores relacionados ao setor”. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2021).

No Brasil, as fintechs estão regulamentadas desde abril de 2018 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) – Resoluções 4.656 e 4.657. Estudos do Banco de Compensações Internacionais apontam que o Brasil é o maior mercado de fintechs em termos de investimento, volume de financiamento alternativo e número de negócios da América Latina, à frente de Chile, Argentina, Colômbia, México e Peru, o que torna o mercado nacional um país único para as fintechs, principalmente para aquelas que oferecem serviços como pagamento, crédito e financiamento coletivo.

O crescimento das empresas de tecnologia inovadoras na área financeira no país foi impulsionado, principalmente, pelo grande número de desbancarizados e pela subutilização de serviços financeiros tradicionais. De acordo com referido estudo, ainda em 2019 mais da metade dos latino-americanos não tinha acesso a nenhum tipo de serviço financeiro.

Como fatores que motivaram o crescimento das fintechs no país, ganham destaque: a facilitação dos processos morosos e burocráticos; a alta concentração bancária (em que poucas instituições possuem grande representatividade no mercado); a oferta de crédito para pequenas e médias empresas; a análise de crédito mais moderna e as boas reduções de custos das operações.

A rapidez das transformações torna as fintechs alternativas aos bancos, revelando-se como uma necessidade no mercado corporativo. Mas, dentre as principais características das fintechs, está o seu potencial para a promoção da inclusão financeira, por meio de inovações tecnológicas e do uso de tecnologias móveis _ notadamente via celular. Neste ponto, é importante a diferenciação entre bancarização e inclusão financeira: muitas vezes um indivíduo pode ter acesso a uma conta corrente mais simples, porém, não dispõe de linha de crédito. Isso se dá tanto pelo fato de ele não movimentar sua conta efetivamente, por restrições, como por diversos outros motivos, tratando-se um indivíduo bancarizado, mas não incluído financeiramente.

A inclusão financeira acontece, de fato, quando as pessoas passam a usar a instituição financeira e, consequentemente, os serviços por ela ofertados, a favor de sua qualidade de vida.  Daí a importância da bancarização no contexto social, cujo propósito é inserir pessoas de classes sociais menos favorecidas no sistema financeiro. Fazer parte do sistema financeiro significa, para muitas pessoas, a inclusão em um mundo totalmente novo, com facilidades e conveniências que fortalecem, inclusive, a autoestima como cidadão. Ser usuário de produtos ou serviços financeiros, ainda que básicos, eleva o grau de inclusão social das pessoas e as insere como membros ativos da sociedade.

Desde que estão em operação, as fintechs já mostram a possibilidade de redução de custos para os clientes associada a fatores como aumento da competição, redução da assimetria de informação, atendimento aos que se encontram distantes de uma instituição financeira, além do atendimento a nichos não contemplados pelo mercado.

Neste contexto, as fintechs podem ser consideradas forças disruptivas com potencial para mitigar as diversas barreiras à inclusão financeira. Indo mais além do que o mercado bancário tradicional oferece e atribuindo a competividade necessária, as fintechs trazem consigo, principalmente, a possibilidade de concessão de microcrédito para pequenos empreendedores ou pessoas físicas que não têm acesso aos bancos, aspecto fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira e para a inclusão social. Especificamente no caso do Brasil, as expectativas são promissoras.

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